Metaleitura
Caro leitor, convido-lhe a uma metaleitura (leitura sobre a leitura), inspira num texto recente de Umberto Eco, professor de semiótica, crítico literário e romancista, onde ele nos leva à reflexão sobre o que deveríamos ler. Neste texto ele vislumbra um horizonte quase aterrorizante, conquanto interessante, da cultura e hábitos de leitura em tempos de globalização. Além de certas críticas a estudantes e instituições de ensino e suas novas posturas dentro deste contexto global, Eco nos lembra, citando Harold Bloom, que o tempo de uma vida é ínfimo para tanto que temos a ler. Sei por experiência própria que isto é a mais pura verdade! Também Eco nos diz que, segundo Pierre Bayard, não é necessário ler toda uma obra para conhecê-la.
Essas duas afirmações me lembraram de imediato de um sistema onde me cadastrei já faz tempo mas que nunca realmente utilizei, que promete ser o lugar de resumos e críticas sobre tudo. Esta afirmação pode ser meio pretensiosa, mas a promessa é mesmo interessante. Pensando nas citações de Umberto Eco, a solução poderia ser mesmo a leitura de resumos das obras e suas críticas, poupando-nos tempo que poderia ser empregado em mais leituras, ampliando a abrangência de nosso conhecimento. Logicamente, uma tática como esta suscitaria questões importantíssimas como, por exemplo, a validade e procedência desta ou daquela crítica, a qualidade de um ou outro resumo, dúvidas sobre parcialidade e por aí vai, mas isto podemos discutir em outro momento.
Confesso que propostas como a desse sistema se tornam muito atraentes em momentos como o que vivemos, onde há tantas ofertas de coisas a ler, nem sempre verdadeiramente generosas se pensarmos no conteúdo, com mais e mais material surgindo a cada dia. Especialmente para pessoas que, assim como eu, estão se tornando cada vez mais (mal-)habituadas à leitura na internet, onde uma busca bem feita num Google da vida, seguida de uma busca local (o famoso "CTRL + F") nos leva direto ao assunto desejado e, no fim, mal lemos o correspondente a 2 ou 3 páginas de um livro.
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O computador visto como suporte de leitura. :-) |
Teóricos falam em suportes de leitura e o computador seria o mais novo e talvez revolucionário destes. Só pra esclarecer, há vários suportes de leitura: livro, jornal, televisão, panfleto e por aí vai; cada um tem suas peculiaridades e pode influenciar de maneiras distintas a forma e qualidade da leitura que se faz.
Mas e então, seria este miraculoso suporte mocinho ou vilão?
Pode ser um ou outro, depende do uso que se faz. Fato é que traz muitas novas e boas possibilidades. Há diversos sites com excelentes livros em formato eletrônico, o famoso e-book, com preços variados e até gratuitos. Há também diversos aplicativos para leitura desses livros disponíveis para celulares e outros sistemas portáteis, facilitando ainda mais a leitura para quem disponha desses recursos. Dizia-se que, a despeito das vantagens proporcionadas pelos computadores, inclusive em relação à leitura, um grande ponto desfavorável era a questão da mobilidade. Bem, desde o surgimento dos notebooks, seguido da evolução dos smartphones e agora com a nova onda dos tablets isso não é mais verdade. Assim, em vários sentidos a leitura em suporte digital se tornou melhor que em suportes tradicionais como livros ou jornais. E ainda, se não quiser ler, porque não ouvir um livro?
O mundo muda e a gente muda com ele... A todos, boa leitura!
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